Transcricao
-
-
Santiago de Múrcia:
Los Impossibles
Cristina Azuma
Cristina Azuma
é violonista e já se
apresentou por países
Peça adaptada para o violão a partir da sua versão original para guitarra barroca
da América do Norte,
América do Sul, Europa
L
os Impossibles é um tema do compositor e guitar- Resolvi transcrever essa peça, mas não literalmente,
e Ásia. Primeira
rista espanhol Santiago de Múrcia (1682–1740) pois soaria pobre no violão. Ela é construída de variações
graduada em violão
transcrito para violão a partir de seu original: um sobre a base harmônica de uma romanesca, como a co-
pela USP (Universidade
manuscrito de tablaturas para guitarra barroca, de 1732. nhecida Guardame las Vacas, do espanhol Luys de Nar-
de São Paulo), é
Apesar de ter trabalhado na Espanha, este manuscrito foi vaez (1500–1555), que dura 16 compassos. Mantive a doutora em musicologia
encontrado no México, onde possivelmente o músico vi- notação original de 3/4, incorporei campanelas e pus pela Universidade
veu. Seu título ilustra perfeitamente o sonho e a saga que os rasgueados ao fi nal. No manuscrito original, Múrcia
Paris-Sorbonne, com
representou a ‘descoberta’ da América. Antes de os euro- indicou somente os acordes e a direção dos rasgueados
especialidade em música
peus desembarcarem por aqui, não existiam instrumentos – | –, mas não como tocá-los. Como o ritmo e
barroca. Possui cinco
de cordas – eles vieram diretamente da Europa, com toda as direção dos rasgueados coincidem com os da zamba
CDs solo gravados,
uma bagagem musical os acompanhando. E essa guitarra argentina de hoje, adotei na mão direita o mesmo polegar
entre eles Santiago de
espanhola, trazida pelos europeus, desbancou o alaúde e a a cada dois tempos, o que me parece sutil e natural e dá
Múrcia – A Portrait
(Quadroframe), seu
vihuela em popularidade nas cortes européias a partir do a possibilidade de fi car entre o 3/2 e o 6/4. Isso é apenas
mais recente lançamento.
século XVII, e foi um dos predecessores de nossos instru- uma sugestão, pois outros tipos de rasgueados podem ser
Atualmente, dirige uma
mentos de cordas dedilhadas, por exemplo, a viola caipira. usados, de acordo com o gosto do intérprete. Quanto às
coleção de partituras
A guitarra barroca é geralmente afi nada em Mi, Si, ornamentações, indiquei-as como no original, com as no-
para violão para as
Sol, Ré e Lá, como o violão, mas tem cinco cordas duplas tas entre parênteses sugerindo a nota ornamental a tocar.
Edições Henry Lemoine,
e uma extensão muito menor – sua corda mais grave é o Porém, a sua realização também é pessoal.
na França, e tem suas
Ré, a quarta corda do violão, e as quintas cordas voltam Essa peça é um dos exemplos utilizados por alguns
composições editadas pela
a ser agudas. Os compositores para esse instrumento não musicólogos que afi rmam que a tradição barroca euro-
Guitar Solo Publications
têm escrúpulos em fazerem saltos de oitavas entre as frases péia (instrumentos e repertório), que se perdeu comple- (GSP), nos Estados
para continuarem as idéias musicais. Por exemplo, uma tamente na Europa durante a transição ao período clás- Unidos. Site: http://
frase descendente, chegando no Ré, retoma oitava acima sico, teria sido preservada na tradição popular da música
cristina.azuma.free.fr/.
e continua a descer, o que, transcrito no violão, soaria latino-americana!
mal. Assim, como gosto de afi rmar, a guitarra barroca é Los Impossibles faz parte do meu CD Santiago de
um instrumento de realização musical imperfeita, mas Múrcia – A Portrait, que saiu recentemente pela grava-
cujo discurso é perfeitamente sugerido, o que é uma de dora italiana Frame. Qualquer dúvida ou sugestão, me
suas características. escreva no e-mail
perreal.azuma@alice.it.
= 76
= 51 Los Impossibles
Santiago de Múrcia
Adaptação para violão: Cristina Azuma
48
Page 1 |
Page 2 |
Page 3 |
Page 4 |
Page 5 |
Page 6 |
Page 7 |
Page 8 |
Page 9 |
Page 10 |
Page 11 |
Page 12 |
Page 13 |
Page 14 |
Page 15 |
Page 16 |
Page 17 |
Page 18 |
Page 19 |
Page 20 |
Page 21 |
Page 22 |
Page 23 |
Page 24 |
Page 25 |
Page 26 |
Page 27 |
Page 28 |
Page 29 |
Page 30 |
Page 31 |
Page 32 |
Page 33 |
Page 34 |
Page 35 |
Page 36 |
Page 37 |
Page 38 |
Page 39 |
Page 40 |
Page 41 |
Page 42 |
Page 43 |
Page 44 |
Page 45 |
Page 46 |
Page 47 |
Page 48 |
Page 49 |
Page 50 |
Page 51 |
Page 52 |
Page 53 |
Page 54 |
Page 55 |
Page 56 |
Page 57 |
Page 58 |
Page 59 |
Page 60