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» Como você analisa sua mão direita? chegou para mim e disse: “Filho, ali é o teu mo- fonográfi co. Preciso ainda gravar um disco solo
Os movimentos da mão direita do violão brasi- mento. Ali o mundo vai parar para você”. Aí é bacana no Brasil.
leiro são basicamente para cima, não tem muito uma relação de entrega natural. Você mexe com
esse movimento para baixo, da escola do rasguea- o ego bom, com o ego ruim, com a concentra- » Como é a sua relação com o violão no
do. Por vir de uma escola de fronteira, tenho ou- ção das pessoas. dia-a-dia?
tra visão da mão direita, a visão das levadas, dos Pego o violão basicamente para compor, nunca
próprios ritmos que temos por lá, das milongas. » No palco, você sempre busca o limite nas para fi car repetindo alguma coisa. Meu processo
Você vai criando uma técnica própria de tocar. A suas interpretações. Como é o Yamandu nas de trabalho é muito estranho, só toco quando
música brasileira é muito ‘ligada’, por isso é mais gravações? É algo tranqüilo para você? tenho vontade. Às vezes, quando tenho uma
fácil de tocar. No fl amenco, você pica a música. Depende do projeto, né? Esse último disco eu folga grande, fi co dez dias sem tocar. Até por
Às vezes, você vê os caras solando choro tudo pi- gravei há uns dois anos, depois gravei com o isso tem a sujeira, essa característica. É uma liga-
cado, mas essa música não é picada, é ligada mes- Dominguinhos. O disco com o Dominguinhos ção direta com o instrumento.
mo, é para ser sensual. Quando uso ligado, passo mostra bem a minha mudança. Acho inteligen-
uma impressão de velocidade que não tenho. São te as pessoas assumirem uma época em que es- » Mas uma hora você tem de parar para estu-
alguns truques de mão esquerda. tão vivendo determinado estilo e mudarem com dar, para uma gravação, por exemplo?
consciência quando acharem que têm de mu- Aprendi uma coisa. Quando tenho algo impor-
» Você é um cara muito de palco. O que signi- dar. No estúdio, rola dessa maneira. É só você tante para fazer, faço uma roda de violão para
fi ca o palco para você? escutar o disco com o Dominguinhos. É um botar a mão no lugar. Assim eu consigo estudar,
Quando eu tinha 5 anos, tive de cantar em uma disco supertranqüilo. Tocamos nesse disco ‘de tocando com meus amigos. Ligo para o Rogério
festa popular para umas duas ou três mil pes- bossa’. Já estou no décimo CD, mas acho que Caetano, chamo-o para tocar, falo para ele tra-
soas. Estava morrendo de medo. Minha mãe ainda não estou satisfeito com o meu resultado zer umas cervejas! Chegamos lá, tocamos umas
Yamandu com o bandolinista Hamilton
de Holanda em apresentação recente no
Auditório Ibirapuera, em São Paulo
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